Enampor - Varela (Guiné-Bissau)

12 de Junho 2009 – 14º dia de viagem

Saída de Enampor tarde. Foi um instante até à fronteira com a Guiné-Bissau. Não me lembro quantos km foram mas com o andamento que estamos qualquer centena de km é um pulinho. A saída do Senegal foi pacífica, a entrada na Guiné foi fantástica. Atirei um Bom Dia aos guardas da fronteira com a satisfação de estar a falar a minha língua. Fui retribuída com um bom dia de espanto de verem meia dúzia de Tugas de moto a aparecer por ali.

Nesta fronteira não pagámos nada. Já tínhamos o visto tirado em Lisboa, um bocado à conversa com os guardas sentados à sombra, carimbo e andar. Logo a seguir à fronteira é a vila de S. Domingos e a encruzilhada para a decisão. Ainda sobra um dia, hoje é sexta-feira e podemos ir já para Bissau e ficar lá dois dias ou tentar explorar um local que o Azevedo já tinha ouvido falar, a localidade de Varela, uma praia perdida onde mora uma portuguesa que tem um Hotel. Até lá é uma pista que o Comandante da polícia de S. Domingos disse que as motos passam bem, o problema é os carros. Desconfiada com aquela descrição, lá fui atrás dos rapazes. Logo nos primeiros km da pista percebemos o que ele queria dizer. Voltei para trás e pedi-lhe para guardar a moto. Não tenho nenhum fascínio por pistas difíceis, não me sinto capaz de fazer este percurso e estou cansada. E ainda bem que o fiz, em toda a viagem foi a pista mais difícil que apareceu. Chamar aquilo de pista até é um elogio, aquilo era uma sequência de lombas e buracos, areia e valas, mais lombas e buracos e uma ponte feita de barras de ferro calçada com barrotes de madeira, sobre um rio que viemos a saber estar cheio de crocodilos. 50 Km de solavancos e 2,5 horas até chegar ao destino.

Mas o destino é um oásis. Um Hotel de bungalows limpos e arejados, casa de banho com azulejos, empregados simpáticos e a D. Fátima, uma portuguesa com raízes guineenses, faladora, simpática, hospitaleira que assentou por lá e toma conta da aldeia, arranja medicamentos para os locais e conseguiu motiva-los a construir uma escola. Quatro horas da tarde e arranjou-nos um petisco para almoçar, contou a sua história e das suas raízes (a sua avó deu o nome ao Hotel) e explicou-nos como chegar até à praia.

Por uma pista de areia, daquelas em que quando se pára fica-se atascado, lá fomos todos dentro do carro de apoio, vertiginosamente pela estrada abaixo, a cruzar a areia do caminho. A praia de Varela é a perder de vista, enorme, de areia branca, sem ninguém, mar imenso, calor, água a 30 graus.

De molho naquele paraíso de silêncio, vimos aproximar-se um pescador com uma cesta cheia de peixe. Claro que os Tugas tinham de falar com ele e acabámos a comprar três peixes por 1,5 euros que comemos ao jantar cozido em caldo de limão. Uma delícia.

Percurso: 110 km

Total time: 4,5 horas







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