Gambia – Baila (Senegal)

10 de Junho 2009 – 12º dia de viagem

Tumani Tenda é um acampamento ecológico para turistas, construído pelo povo Jola para ganhar dinheiro e ajudar a aldeia. Têm algumas casas rústicas prontas e o objectivo é conseguir construir 7 casas, uma por cada família que vive na aldeia (designam família aos membros com o mesmo apelido mas que é constituída por diversas famílias, ao todo, cerca de 300 pessoas na aldeia). Vivem em comunidade e partilham tudo, desde o campo de arroz, a horta das mulheres, os animais. Cultivam o seu sustento, pescam para consumo próprio e vendem alguns produtos no mercado da vila mais próxima, vila onde também há uma loja, um posto de polícia, internet e electricidade de um gerador.

De manhã acordámos tarde e os rapazes foram andar de piroga e tomar banho no rio que está mesmo coladinho ao acampamento. Estive à conversa com Kebba, o camp manager, homem calmo e ponderado, de olhar paciente e expressão de paz, daqueles em que se sente logo que podemos confiar. Esteve a falar da tribo, da Gambia e do projecto do acampamento. Já conseguiram construir uma escola, têm alguns medicamentos essenciais, todos sabem ler e escrever em Inglês, segunda língua do País e o grande sonho é conseguirem angariar dinheiro para comprar painéis solares para terem electricidade e poderem ter frigoríficos ligados o dia todo, pois apenas têm um minúsculo gerador que ligam à noite quando têm hóspedes. Fala com olhar sonhador e esperança de amealhar cerca de 1.000 euros, o preço de dois painéis solares que vão permitir o avanço tecnológico da aldeia.

Tocou-me a humildade daquele homem, daquele povo sorridente e resignado, senti-me envergonhada com um sonho tão difícil para eles e tão acessível para nós. Gostava de os ajudar.

Depois de um almoço delicioso, cozinhado em enormes potes de ferro e de uma sesta, pelas 4h da tarde partimos de novo de volta ao Senegal, rumo ao Sul, pois a Gambia é uma língua de terra, estreita e comprida, encravada no Senegal.

Por uma estrada asfaltada, excelente piso, por entre uma vegetação exuberante e colorida, a viagem foi pacífica, passamos por vários controlos de polícia, a passagem da fronteira rápida e sem peripécias. Pelas 6 horas da tarde chegamos a Baila, aldeia com um novo acampamento, novas cubatas, nova tribo mas o mesmo cheiro a manga no ar, o mesmo calor, a mesma humidade, continuámos a ver vacas a atravessar a estrada, porcos e galinhas, aldeias e vendas de fruta ao longo da estrada.

Nesta região do interior há pouco lixo plástico à beira da estrada, as casas das aldeias são alinhadas, têm quintais cercados por sebes de palha ou de troncos cortados, as crianças vêm a correr ouvir o barulho das motos, riem-se e acenam contentes.

O Azevedo contou que quando cá esteve todo este percurso era uma pista de terra vermelha e agora asfaltaram tudo, a estrada que atravessa a Gambia é uma estrada. Eu estou contente, ainda tenho receio de pistas, pouca experiência em terra e uma boa estrada permite-me canalizar a atenção para o que me rodeia, ver a paisagem, desfrutar das cores e dos cheiros, beber esta África. A pista já não é pista mas a paisagem não mudou, as árvores estão lá, as termiteiras estão lá, a terra continua vermelha, as cores são fantásticas, o mundo é imenso, tal como as fotos e o vídeo que devorei várias vezes antes de me inscrever para esta viagem.

Percurso: 60 km

Moving time: 1 h
Total time: 2 horas













Sem comentários:

Enviar um comentário