Marrakech – Tan Tan

2 de Junho 2009 – 3º dia de Viagem

Percurso: 594 km
Moving time: 7 horas
Total time: 10 horas

A saída da Medina foi fantástica. A cidade estava viva, com gente, muita gente, mobylettes a passar vertiginosamente, bicicletas, todos na rua, todos no meio da estrada. Um calor abrasador. Meia dúzia de vielas tortuosas para chegar à avenida principal. Uma autêntica pista de carrinhos de choque. Não se pode parar nem temer nem sequer pensar nisso. Os marroquinos conduzem como se estivessem sozinhos no mundo. Atiram-se, rasam por nós. O truque é não parar. Não ver quem está por perto pois eles jogam no bluff. Apitar muito, seguir em frente. Quem tem a moto maior passa.

Rumo ao sul, estrada fora numa paisagem vermelha, quente e asfixiante. As aldeias sucedem-se, muitas camionetas carregadinhas até ao segundo andar, carroças, miúdos à beira da estrada acenam às motos. Em direcção às montanhas, rumo a Agadir, vamos cruzar o anti-atlas. Umas horas depois, o maciço que se via ao fundo aparece em toda a sua grandeza. Mas a estrada é boa, larga, permite uma velocidade razoável, à excepção de alguns troços em obras, perto dos trabalhos de construção da nova auto-estrada que virá de Marrakech até Agadir.



Conseguimos chegar cerca das duas da tarde e fomos à procura do peixe assado que nos tinham falado. Nos arredores da Agadir, na direcção do aeroporto, uma pequena vila, com uma avenida central cheia pequenos restaurantes com esplanadas e mesas no meio dos jardins. Parámos as motos junto a um jardim e tentámos o primeiro restaurante que já não tinha peixe. Do outro lado da rua, numa tasquinha marroquina, povoada com locais e um assador à porta ainda havia comida. Peixe grelhado para todos. E o homem foi a correr comprar o peixe que grelhou e temperou com uma mistura de ervas e açafrão. Servido em pequenos pratos, comemos com as mãos como os marroquinos. Pedimos fruta e lá foi o homem, à mercearia do lado, comprar fruta. Acabámos o almoço com um chá, servido com requintes de turista. Pagámos 2 euros cada um.



Estrada de novo, continuámos para Sul em direcção a Tiznit, atravessamos mais uma montanha, estrada pequena, tortuosa e inclinada. Descidas perigosas, subidas íngremes. Os camiões faziam fila, uns atrás dos outros, andavam devagar, muito devagar, a 20 km/h para cima e a 20 km/h para baixo, todos juntinhos, pareciam uma minhoca gigante a serpentear pela montanha, lentamente, por curvas apertadas, sem visibilidade que nos fizeram gastar umas horas para fazer uns poucos quilómetros.

Depois de Guelmin, já na planície, começaram as rectas. Rectas intermináveis, monótonas. A paisagem mudou, o vermelho desapareceu, a vegetação começa a escassear, o amarelo faz adivinhar que o deserto se aproxima. Começámos a ver os controlos de polícia, à entrada das vilas e aldeias. Têm umas lagartas com picos no meio da estrada, mandam parar e mandam seguir. Tivemos sorte, só fomos controlados à entrada de Tan Tan, já ao entardecer. Levávamos connosco umas fotocópias do passaporte e uma folha com os nossos dados, nome, nacionalidade, filiação, nº do passaporte e destino. As “fiches” facilitam o controlo e demora menos tempo. A polícia verifica o passaporte e manda-nos seguir.




Chegados a Tan Tan Plage, uma pensão pequena e simples, como tudo nesta parte de Marrocos, mais pobre e deserta. Não há muito por onde escolher, a alternativa são parques de campismo, parques que se resumem a um terreiro com um muro à volta. Depois de um jantar arrastado, estou exausta. Dói-me os joelhos, os braços, dói-me tudo. Amanhã vamos até Dakla.


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