St. Louis - Dakar

8 de Junho 2009 - 10º dia de viagem
Percurso: 294 km

Saímos pelas 9 da manhã. Ainda com algum desarranjo intestinal, decidimos que era melhor por a minha moto na carrinha para prevenir alguma emergência e não atrasar o Grupo ou comprometer o dia de viagem. O Azevedo tinha pensado ir pela pista da praia mas a maré estava cheia e não foi possível. Pela pista até à estrada principal, direcção sul por mais pista razoável até Louga. Apanhamos alcatrão até Thies onde conseguimos chegar à hora de almoço. Atestaram-se os depósitos pois por esta região a gasolina é um bem raro no interior e temos de aproveitar a passagem nas cidades para abastecer. Numa pastelaria que por fora até parecia chique, os rapazes contentaram-se com umas sandes de galinha frita embrulhadas em papel de jornal, acompanhadas pelas bebidas possíveis e uns sacos onde “engarrafam” água. Aquilo até cheirava bem mas para mim dava-me enjoos. Comi um bocado de pão com manteiga.

Que diferença entre as estradas interiores e a estrada principal. Pelo interior vemos muitas aldeias, mercados nas ruas, mulheres a vender mangas e papaias. Centenas de sacos de cebolas prontos para serem recolhidos à beira da estrada. Crianças, há centenas de crianças por todo o lado, sorridentes. E jogos de matraquilhos. Sim, surpreendente, nesta região do Senegal por todo o lado se vêm crianças a jogar matraquilhos. A paisagem está salpicada de Baubas, gigantescas árvores com troncos em copa que alojam milhares de ninhos de pássaros. A terra é vermelha, o sol é a pique.

Ao longo da estrada principal a paisagem é descaracterizada. Vêem-se muitos camiões, velhos, ferrugentos, lentos. As aldeias são de tijolo cinza, paredes erguidas e inacabadas. Há muito lixo à beira da estrada. Os mercados são confusos, atulhados de bancas, carroças e gente.

Já perto de Dakar decidimos ir primeiro visitar a reserva de Bandia, mesmo no meio do Parque Nacional Langue de Barbárie que ficava em caminho. A reserva tem uns passeios safari, com uns jipes transformados para turistas com três filas de assentos na caixa. Pelas 3h da tarde, na hora do calor os bichos estavam debaixo das árvores, à sombra, meio escondidos mas o guia sabia onde os encontrar. Passamos cerca de duas horas a passear pela reserva e quando chegamos perto dos rinocerontes a minha máquina ficou sem bateria. Raios, só faltava isto.

Para chegar a Lac Rose, andámos pelo interior, por pistas com piso difícil, toneladas de pó, horas de buracos e desembocámos mesmo no meio das salinas de Lac Rose, um lago salgado, imenso, com tom rosado que é uma mina de sal. Vêem-se montes de sal em bruto de branco cinza, alinhados ao longo do lago. O Hotel é do outro lado onde chegámos ao entardecer sempre pela margem do lago, cansados, suados e cheios de pó. Ainda bem que vim no carro de apoio, com a minha falta de experiência em terra e a quantidade de pistas que fizemos hoje, de certeza a viagem tinha corrido mais lenta e atribulada.

Como prémio descobrimos que o Hotel tem piscina. Foi apenas tempo de largar o equipamento, vestir o fato de banho e correr para a piscina. Mas não, ainda não era agora, o guarda do Hotel veio informar que a tradição era primeiro tomar banho no lago, uns metros à frente, numa praia fluvial. A água é escura, morna, caldo. O guarda fazia gestos para entrarmos devagar e não mergulhar pois era perigoso a água na boca e nos olhos. Fazia sinal para nos deitarmos lentamente. Como a água é incrivelmente salgada, nada se afunda. Foi como deitar no sofá, boiar sem qualquer esforço. Aquele caldo quente aconchegou, relaxou os músculos, aqueceu a alma depois do tormento para chegar ali.

A saída para a piscina tem uma praxe, uma passagem por uma nascente de água doce onde o guarda apanha água com um pequeno balde e nos deitava pela cabeça abaixo, água límpida e fria. Retemperados depois do merecido banho de piscina, jantámos e descansámos. Amanhã vamos passar a fronteira para a Gambia, adivinha-se mais uma negociação difícil.







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